A palavra valor pode ser definida de diferentes maneiras tal a complexidade de seu significado. Valor pode estar relacionado a um bem material que o indivíduo possua, a um patrimônio estimado, ao resultado de uma expressão numérica, mas a definição que mais aprecio é aquela que vem associada ao valor psíquico de uma pessoa, pois o que o define é abstrato, não se mede racionalmente e ao longo de uma vida pode permanecer incógnito como o “x” de uma expressão algébrica. Essa é a definição de valor que continua fora dos dicionários, porque talvez não haja um significado único para o valor emocional que cada ser humano carrega dentro de si. Esse valor é único, pessoal e intransferível, pois está relacionado à forma como o indivíduo enxerga o mundo lá fora e a maneira como este mundo é construído dentro de cada um de nós, através dos valores que recebemos, do meio em que vivemos, da família e da cultura na qual estamos inseridos.
Mas, se o valor que construímos internamente é fruto do meio em que vivemos e é influenciado por este mesmo mundo que nos dita regras éticas, morais, sociais e comportamentais, podemos então considerar que ele é verdadeiro e que reproduz sinceramente a nossa essência? Será que não é por esse motivo, ou um dos motivos pelos quais a maioria das pessoas, nos dias de hoje, possuem uma visão distorcida do seu próprio valor e não conseguem encontrar uma maneira confortável de lidar com ele? Que valor é esse que está em nós, mas que não conseguimos encontrar? E por que tantas pessoas são acometidas por inúmeros transtornos emocionais como depressões, compulsões, entre tantos outros, por não conseguirem encontrar o seu valor enquanto energia essencial da vida?
Penso que na medida em que construímos nossa definição de valor baseada naquilo que aprendemos com o mundo externo e que somos tomados por esse mundo, que se torna a nossa referência de existir, de ser aceito, amado e de pertencer a um grupo, nos cegamos para aqueles pontos cruciais que se desenvolvem autonomamente dentro de nós, que constituem a nossa essência. É lá que se encontra um valor único, que pertence exclusivamente a nós mesmos e que está livre de toda e qualquer influência do meio externo. Escondido nas profundezas do nosso mundo interno que encontramos o gérmen que alimenta a alma, que nos faz entrar em contato com tudo que existe de mais valioso dentro de nós. Porém, para alcançarmos essa joia rara é preciso alçar voos maiores, se infiltrar em locais desconhecidos, desafiar os limites, enfrentar os medos, abdicar de todas as referências solidificadas ao longo de uma vida, arriscar-se ser chamado de louco, inconsequente, encarar o abandono, a rejeição, o vazio, o buraco do não existir. Então, pouco a pouco, tijolo por tijolo, uma nova visão de mundo pode ser construída baseada em valores que desabrocham de dentro para fora e assim, podem influenciar o mundo externo. Voltar-se para dentro de si em uma jornada inigualável é preciso para que ao final do caminho encontremos aquilo que há de mais precioso em nós mesmos: o valor genuíno que nos pertence e que repousa em nossa alma, à espera do reencontro.